A Marca Tribal

Publicado: 8 de junho de 2012 em Outros

Ciallmhar acordou ofegante! Estava suando muito e o cobertor estava molhado com o seu suor. O sonho ainda estava fresquinho em sua mente e junto com o sonho o temor, pois sabia que ele era uma transmissão de um acontecimento real. Skirta e Kind estavam em perigo no Lugar Secreto. Levantou-se rapidamente, procurou o celular e ligou para a Álainn:

-Encontro você em dez minutos na porta da sua casa. Kind e Skirta estão em perigo.

Álainn reclamou a hora, era 00h e já estava dormindo, mas Ciallmhar desligou o telefone antes que ela se estendesse mais. Vestiu uma roupa mais quente e saiu silenciosamente, deixando um recado na porta do refrigerador. Em exatos dez minutos Ciallmhar pegou Álainn em casa e foram para o Lugar Secreto. Sem muitas explicações, no caminho Ciallmhar contou tê-los visto serem devorados por crocodilos no Lugar Secreto. O sonho trazia o timbre hipnótico de realidade e a sensação de que sua visão viajara, sendo assim Ciallmhar afirmava que o ocorrido estava além das esferas oníricas.

Ao adentrarem no Lugar Secreto Álainn contou sentir-se estranha. Ciallmhar pôde ver muito além do que meramente o Lugar Secreto, via também uma grande infestação de seres corcundas, rastejantes e mais nítidos que o normal.

-Como se tivessem saído de uma refeição recente. – Murmurou sentindo um pesar e um desespero interior.

-Como vamos entrar? – Perguntou Álainn receosa.

A luz da lua crescente trazia uma iluminação pálida ao Bosque e o mesmo se apresentava medonho e assustador. As formas retorcidas das árvores e o sussurrar do vento gelado eram pequenos adereços naturais à atmosfera sombria e mística que circundava o ambiente.

-Não podemos entrar aí. Não com eles estando fortes como estão. Devem ter se alimentado do Kind e do Skirta. Não temos alternativa. Eu vou entrar para tentar pegá-los. Você fica aqui.

-Não mesmo. Eu vou com você. – Respondeu Álainn prontamente.

-Não seja idiota. Não estamos num filme de sessão da tarde, não precisa querer bancar a amiga leal. Lembre-se que eu ainda tenho Luz e acho que consigo usá-la se necessário.

-Um pingo de Luz que se acabar você morre. Grande coisa. – Retrucou Álainn.

-Você fica e ponto. – Ciallmhar disse dando-lhe um beijo na testa e entrando no Lugar Secreto. Os vampiros astrais sentiram rapidamente a emanação de Ciallmhar e avançaram com maior rapidez que da última vez. Um deles tentou pular na cabeça de Ciallmhar que agilmente pulou para outra pedra, desviando do vampiro. Ciallmhar investigava com olhos ligeiros em todos os cantos à medida que avançava.

Ele desviava das investidas dos vampiros com a agilidade de uma criança enérgica. E quando chegou à Rocha dos Rituais percebeu que lhe restavam apenas dois lugares para procurar: A Caverna e o Lago.

Sem muito tempo para pensar, Ciallmhar pulou por sobre a Rocha dos Rituais no exato momento em que dois vampiros avançaram rasantes para cima dele. Caindo de frente para a entrada da caverna ele entrou sem hesitar.

Havia sete vampiros astrais que emitiam um som agudo, enquanto rastejavam na direção dele com olhos famintos e vazios. Voltou-se para a saída, mas esta estava bloqueada pelos seres que vinham de fora. Ciallmhar sentiu uma fraqueza apoderando-se de seu corpo e dezenas dos monstros mergulharam para devorá-lo. Em um gesto reflexo Ciallmhar correu numa investida de corpo contra aqueles que bloqueavam a saída. Seu corpo atravessou-os ao preço de uma terrível perda de energia que o fez tropeçar e cair de joelhos. Levantou-se tão rápido quanto caiu e correu em direção ao lago. Analisou a superfície a procura de algo, mas nada encontrou. Os vampiros avançaram e ele correu pela encosta do caminho que levava à Rocha dos Rituais, depois saiu em disparada para a entrada onde estava Álainn.

Atrás de Ciallmhar quase trinta dos horrendos monstrengos pulavam como rãs por sob as pedras e mato. Tentaram pular na direção de Ciallmhar e Álainn, mas caíram para trás ao bater numa espécie de parede invisível que dividia o Lugar Secreto do restante do Bosque Proibido.

Ciallmhar estava arfando:

-Eles não estão aí.

-Tem certeza de que eles vieram para cá? Porque não tenta ligar para eles?

-Acha que não tentei? Está fora de área. E na casa deles ninguém atende. – Respondeu Ciallmhar apoiando-se nos joelhos.

-E agora o que faremos? – Perguntou Álainn com uma voz profundamente ressentida. A preocupação dela agravou-se e pensamentos negativos começaram a insistir-lhe em mente.

-Vamos até a casa deles. Embora eu acredite profundamente que eles estiveram aqui e que os vampiros os sugaram, alimento a esperança de que talvez tenham ido para casa depois de atacados e agora estão feridos energeticamente.

-Então vamos rápido. – Se apressaram para sair do Bosque e ir até a casa de Kind e de Skirta.

Em um lugar não muito longe dali…

Tambores. Ele ouvia tambores que freneticamente ressoavam o seus batuques e ecos por todos os lados. O que era aquilo? Ele podia sentir o calor de fogo próximo ao rosto. Um líquido quente escorria-lhe pela testa… Sangue. Seus braços doíam. E os tambores continuavam batucando e vozes entoavam uma espécie de cântico indígena de ritmo acelerado e selvagem. O que era aquela corda que amarrava seus braços? E os tambores tão freneticamente ressoavam que ele podia sentir o sangue palpitando no mesmo ritmo. E junto aos tambores ele pode ouvir gritos agudos… Não! Eram uivos.

Kind levantou a cabeça com força, despertando daquele transe. Seu coração estremeceu e o medo tomou-lhe o coração. Suas pernas fraquejaram. Ele estava amarrado a um tronco em pé, junto a Skirta que ainda estava desmaiado. Quatro archotes em hastes longas cravadas no chão ardiam na noite escura. Um círculo de homens e mulheres seminus com pinturas tribais pelo corpo batiam nos tambores com agressividade, enquanto uivavam e cantavam numa língua incompreensível, dançando ao redor deles. As pernas de Kind escorregaram e ele tentava se reerguer enquanto olhava para todos os lados com o desespero estampado no rosto sujo e ensanguentado.

Um homem alto, moreno e musculoso se aproximou. Ele tinha tribais pintadas no corpo, diferentes das pinturas dos outros. No pescoço estava pendurada uma espécie de colar de penas com algum tipo de amuleto de madeira. Ele também carregava um cajado galhudo com duas penas amarradas no topo.

Ele ergueu o cajado e olhou para o céu. Disse algo na língua estranha e uivou com força. Seu uivo destacou-se dos demais. Todos uivaram juntos e as batidas nos tambores aceleraram assemelhando-se a trilhos de metrô. Kind sentiu-se ameaçado e os pelos do braço eriçaram-se.

-Skirta! Skirta! Acorda Skirta! – Gritou com força.

O homem olhou para Kind. Ele estava com a expressão mudada. Uma expressão selvagem. Seu rosto estava diferente… Era algo… Animalesco.

O cajado desceu com força e Kind gemeu quando sua cabeça foi atingida na têmpora.

comentários
  1. José Pereira disse:

    Bela história Ciallmnhar. Alguém tem tido notícias da Marie ? Não falo com ela já faz um tempo…
    Malditos vampiros astrais que empesteiam o mundo. O que seriam os seres que pegaram Skirta e Kind ?

  2. loginside disse:

    Maneiro!

  3. Morrigan disse:

    Nossa! Já deduzo o que sejam. Tudo bem que nesse bosque proibido tem histórias de coisas assustadoras. Mas essa é nova e beeeeem surpreendente.

  4. Marie Claire disse:

    Boa noite querido José, estou bem, grata pela preocupação! Ter amigos leais como vocês me tornam mais forte a cada dia.

  5. Morrigan disse:

    Mas e então pessoal o que vocês acham que são? 😀
    Skirta: Reza para que não sejam canibais. kkkkkkk
    Brincks! 😉

  6. Marie Claire disse:

    Caro Ciallmhar, quando li expressão animalesca só me ocorreu pensar em lobisomens.

  7. Lobisomens?
    Em Crowhaven? Será?
    😛

  8. Morrigan disse:

    Também pensei em Lobisomens…
    ashuahsuahs

  9. loginside disse:

    A descrição do carinha com o cajado é parecida com a descrição dos lobisomens na parte de Seres e Criaturas. rs

  10. José Pereira disse:

    Eu também pensei que pudessem ser licantropos ou até mesmo canibais…

  11. José Pereira disse:

    É meamo loginside e lá fala também sobre serwm selvagens.

  12. José Pereira disse:

    Me desculpem pelos erros. É que estou digitando pelo celular.

  13. Janielly Rodrigues disse:

    Boa noite! Genteeeeee que suspense! Ciallmhar seu malvado! Conte logo o Final!

  14. José Pereira disse:

    Boa Noite Janie !

  15. José Pereira disse:

    Boa Noite Damas e Cavalheiros !

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